"Conhecer para preservar e controlar: fazer pelo bem comum e coletivo"

Bem vindos ao meu blog! Espaço dedicado a postagens sobre estudos referentes a biologia, manejo, controle e incidência de escorpiões no município de Água Limpa - GO. Colabore deixando aqui sua opinião sobre o assunto ou alguma dúvida. Embora no momento o blog trate assuntos sobre a espécie Tityus serrulatus, sintam-se a vontade para comentar sobre outras espécies. Abraço!!!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

DÚVIDAS E CRENDICES

1) Os escorpiões atacam?
Não. Apenas se defendem, só ferroam quando alguem coloca a mão ou encosta nele intencionalmente ou não.

2) Se eu encontrar um escorpião na minha casa significa que encontrarei outros?
Provavelmente sim. Não vivem em grupos, são solitários, mas abrigam lugares de facil acesso a comida e abrigo. Entao o fato de ter encontrado um escorpião pode ser um indicativo de que aquele ambiente é favorável a sua instalação e proliferaçã.

3) Os escorpiões formam ninhos?
Não, existem em numero maior em alguns locais favoráveis, mas deslocam-se o tempo todo e nem sempre retornam ao mesmo lugar.

4) Os escorpiões sobem em vidros?
Não, eles não sobem em superfícies totalmente lisas.

5) Se um escorpião perder uma parte do corpo, pode regenerar-se?
Não. Somente alguns espécimes ainda jovens, podem regenerar parte das pernas. Na fase adulta não regeneram partes perdidas porque nao trocam mais de pele. Se o animal perder a cauda ou parte dela, ele morre por obstrução do intestino que termina no final da cauda. Espécimes que dependem de veneno para auxiliar na captura de suas presas, podem morrer se perderem o telson.

6) Todo escorpião é venenoso?
Sim. Todo escorpião possui veneno e a capacidade de injeta-lo. Mas é a ação do veneno no homem que caracteriza determinada espécie como perigosa ou não.

7) O escorpião sempre usa o veneno para se alimentar?
Não, utiliza somente quando a presa é muito grande e precisa ser imobilizada. A quantidade de veneno injetada é de acordo com o tamanho da presa.

8) O escorpião usa todo o seu veneno numa única picada?
Não e portanto pode causar um segundo acidente imediatamente após o primeiro. Pode tambem picar e não inocular veneno, causando um acidente assintomático ou "picada seca."

9) Do que depende a toxicidade do veneno do escorpião?
A toxidade varia de espécie para espécie mas tambem pode variar entre individuos de mesma espécie. Acredita-se que essas variações de toxidade estejam relacionadas a distribuição geográfica dos animais, condições ambientais que deterinam um tipo específico de alimentação, variações genéticas ou fisiológicas entre os espécimes.

10) Como proceder em caso de acidente?
O QUE FAZER: limpar o local da picada com água e sabão, Procurar orientação médica imediatamente e se for possível, capturar o animal e leva-lo ao serviço de saúde para identificação do escorpião causador do acidente, auxiliando o diagnóstico.
O QUE NÃO FAZER: não amarrar ou fazer torniquete, não aplicar nenhum tipo de substância sobre a picada (alcool, querosene, fumo, ervas, urina, etc...) e nem fazer curativos que fechem o local da picada pois isso favorece o surgimento de infecções, não cortar ou perfurar o local da picada, não dar bebidas alcoolicas ao acidentado pois pode agravar o quadro.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009.

Imagens gentilmente cedidas pelo amigo e biólogo Wesley Dondoni:







sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Entrevistas: Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros - William Stutz/Uberlândia

Embora esse blog se destine a tratar assuntos relacionados sobre a incidencia dos escorpiões no município Agualimpense, essas entrevistas reafirmam o fato de que realmente somos nós que criamos ambientes favoráveis a instalação e ploriferação desses especimes... Vale a pena assistir.





Entrevista 1: Jornal da Vitoriosa 17-02-2011;
Entrevista 2: Reportagem de Arcenio Correa, imagens de Maurício Floprentino para o Jornal da Vitoriosa 14-02-2010;

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Incidência do Escorpião amarelo Tityus serrulatus no município Agualimpense

Uma das espécies mais importantes do ponto de vista médico sanitária é o Tityus serrulatus sendo responsável pelos acidentes mais graves principalmente em crianças e idosos podendo desencadear quadros clínicos graves ou fatais devido a potencialidade do veneno.
Nesta espécie existem apenas fêmeas que se reproduzem por partenogênese, ou seja, não necessitam do macho para acasalar. Essa característica reprodutiva facilita sua dispersão.
Possuem grande capacidade de adaptação a qualquer ambiente inclusive áreas urbanizadas, incluindo o interior das residências.
Em Água Limpa o escorpionismo tem se tornado um fator preocupante pois segundo uma pesquisa que realizei de janeiro a abril de 2010, no Centro de Saúde Municipal eram atendidos de 2 a 3 casos de envenenamento escorpiônico por mês e 71,42% dos 7 bairros do município ja apresentavam incidência escorpiônica, ou seja, 5 bairros. Ate junho do mesmo ano todos os bairros ja apresentavam incidência deste espécime.
Esta rápida proliferação se deve ao fato de que o ambiente aqui é totalmente favorável a instalação e proliferação destes espécimes: há muitos lotes baldios com entulhos e nos quintais das residências tambem ha muito lixo e entulho principalmente de madeiras, galhos e tijolos.




Muitos desses tijolos são doados à população pela Cerâmica Municipal que é o local de maior incidência de escopiões. Algumas pessoas buscam tijolos la mais nao os utilizam deixando eles amontoados em seus quintais. Se nos tijolos transportados da Cerâmica para uma determinada residência houver algum espécime, este irá se proliferar naquela residência, pois a espécie Tityus serrulatus se reproduz por partenogênese, como ja mencionado.
Acredito então que o transporte passivo foi o fator responsável pela dispersão dos escorpiões no município e nós os responsáveis por favorecer a instalação e proliferação destes nos nossos quintais e posteriormente no municipio.
Portanto cobrar e exigir dos órgãos municipais alguma ação para controlar o escorpionismo, torna-se uma questão insuficiente pois somos nós os responsáveis por esta situação e se não fizermos primeiramente nossa parte, de nada valerá qualquer atitude adotada pelos órgãos municipais. Pesse nisso!

Reprodução

Os escorpiões são animais viviparos e o tempo de gestação varia de espécie para espécie, porém, para o gênero Tityus o periodo é de tres meses sendo que após parir, os filhotes sobem no dorso da mãe onde permanecem ate a primeira troca de pele quando então abandonam o dorso da mãe e passam a ter vida independente. O periodo desde o nascimento ate a dispersão dos filhotes também varia entre as diversas espécies e gêneros. Cada escorpião tem 2 partos por ano com, em média, 20 filhotes cada podendo chegar a 160 filhotes durante a vida (Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância en Saúde, 2009).



Imagens gentilmente cedidas por William H. Stutz - Veterinário Sanitarista. Secretaria de Saúde de Uberlândia. Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros.

Imagem gentilmente cedida pelo amigo biólogo Wesley Dondoni:


Imagem cedida por Rodrigo Elias Francisco:

Morfologia e Anatomia

O corpo dos escorpiões é dividido em:
1) Carapaça (prossoma): onde estão inseridos um par de quelíceras utilizadas para triturar alimento, um par de pedipalpos (pinças ou mãos) e quatro pares de pernas;
2) Abdome (opstossoma) formado pelo:
2a) Tronco ou mesossoma onde na face ventral se encontram o opérculo genital e os apêndices sensoriais que possuem forma de pente e captam estímulos mecãnicos e químicos do meio e tambem espiráculos que são aberturas externas dos pulmões;
2b) Cauda ou metassoma que possui na extremidade um artículo chamado telson que termina em um ferrão usado para inocular o veneno em suas presas (Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009).
Respiram por meio de órgãos denominados filotraquéias também chamados de pulmões, o consumo de oxigênio é muito baixo variando conforme a necessidade, o sangue é responsável em transportar o oxigênio pelo corpo.
A visão é pouco desenvolvida capaz de distinguir apenas luz e sombra. Possuem fendas sensoriais nas pernas possibilitando que percebam a movientação do solo. os pentes possuem função principalmente em perceber vibrações do solo e detectar a presença de inimigos e presas e também possuem função quimiorreceptora e mecanorreceptora (Escorpiões Laborátório de Artrópodes do Instituto Butantan).
A espécie Tityus serrulatus possui as pernas e caudas amarelo claro e o tronco escuro e pode medir até 7 cm de comprimento. A denominação da espécie é devido a presença de uma serrilha nos 3° e 4° aneis da cauda (Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009).






Imagens gentilmente cedidas pelo amigo e biólogo Wesley Dondoni.

História Natural dos Escorpiões

São também conhecidos como lacrau e são animais invertebrados. Não são insetos como muitas pessoas erronemamente acreditam, basta observar que esses animais possuem 4 pares de patas ao invés de 3 pares como os insetos, esses animais são artrópodes pertencentes a ordem Scorpiones. Eles são uns dos mais antigos artrópodes terrestres com registro fóssil que data aproximadamente 400 milhões de anos (RUPPERT & BARNES).
São animais de hábitos noturnos e durante o dia se refugiam em  lugares com pouca claridade e preferencialmente umidos como por exemplo entulho de tijolos, galhos, madeiras, lixo domiciliar, amontoados de folhas e ate pequenos buracos no chão ou paredes, podem também ser encontrados em hortalices e jardins entre as plantas de pequeno porte ou rasteiras. Habitam todos os continentes, exceto a Antartida.
No que se refere ao habtat preferido, os escorpiões podem ser: Psamófilos (vivem na areia), Litófilos (fendas, rochas, penhascos, fragmentos rochosos) ou Fossoriais (galerias e buracos).
A maioria das espécies possuem hábito noturno e são carnívoros alimentando-se de insetos e aranhas. O canibalismo pode ser notado quando a quantidade de alimento for escassa ou em consequência da competição por espaço, sendo que isso ocorre mais frequentemente entre espécies diferentes.
Entre seus predadores estão: camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, curujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas e formigas, lacraias e como ja mencionado, os próprios escorpiões.




Imagens gentilmente cedidas por William H. Stutz - Veterinário Sanitarista. Secretaria de Saúde de Uberlândia. Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros.