"Conhecer para preservar e controlar: fazer pelo bem comum e coletivo"

Bem vindos ao meu blog! Espaço dedicado a postagens sobre estudos referentes a biologia, manejo, controle e incidência de escorpiões no município de Água Limpa - GO. Colabore deixando aqui sua opinião sobre o assunto ou alguma dúvida. Embora no momento o blog trate assuntos sobre a espécie Tityus serrulatus, sintam-se a vontade para comentar sobre outras espécies. Abraço!!!

terça-feira, 15 de julho de 2014

O que dizer sobre mim?

Olá. Quase em todos os meus textos menciono algo sobre escorpiões rs já que este é o assunto principal do Blog. Mas hoje me deu vontade de escrever sobre mim, ou seja, nada muito importante rs. Quando criança era muito apegada com minha mãe, não suportava a ideia de estar longe dela. Imagina o trabalho que dei quando comecei a estudar rs. Me recordo do meu primeiro dia de aula.
Meu pai não tinha conseguido comprar ainda minha mochila. Então, minha mãe pegou uma sacolinha destas brancas que a gente usa para colocar as compras do supermercado, por exemplo, e colocou meus cadernos. Colocou a sacolinha nas minhas costas e fomos rumo a escola. Parece que até sinto meu coração acelerado rs. Tinha uma fila de crianças da minha idade perto da porta da sala, mas eu não quis ficar com elas, preferi o colo da minha mãe: era seguro e confortável.
Minha mãe me deixou ali pra estudar quando deu o horário. Chorei muito. Não queria assunto com as outras crianças. Então isso acontecia todos os dias. Por fim, minha mãe pedia para meus irmãos ficarem na porta da minha sala. Cada dia era um dos meus dois irmãos que fazia isso (tadinhos rs). Com o passar do tempo, começaram a me enganar rs: ficavam lá até a professora me distrair e então iam embora. Depois que eu percebia começava o choro e era escandalosa. Não sei exatamente, mas acho que foi mais de 1 mês chorando rs. Um dia a "tia" Sheylinha não aguentou tanto choro: chamou minha atenção com a voz firme e foi aí que chorei mesmo, chorei tanto que dormi. Mas nunca mais chorei por ter que ficar sem minha mãe pra estudar.
Meus pais nunca receberam uma reclamação a meu respeito de algum professor. Quando comecei a estudar no período matutino, no mesmo horário que meus irmãos foi melhor. Minha mãe nos acordava cedinho e enquanto arrumávamos meu pai ia comprar o pão e minha mãe fazia o café. Comíamos juntos, depois ficávamos de pé, fazíamos uma oração e então meu pai ia trabalhar e eu e meus irmãos íamos pra escola que era bem perto de casa. 
Eu gostava de estudar. Não saía da sala pra nada, nem pra ir ao banheiro rs. Nunca desrespeitei nenhum professor e sempre gostei de sentar na primeira carteira. Desde quando comecei a estudar, tive problemas: o máximo de amigos que eu conseguia ter na sala era uns 3 ou 4. Teve uma época que tive só 2 amigas. Os que eram meus amigos eram os outros que por alguma razão eram excluídos da turma dos "bacanas e das bonitas". Sofri Bullying desde a alfabetização até a 3° série do ensino médio. O motivo? Por ser comportada, por ser elogiada, por ser magrinha (bem magrinha), por usar roupas mais decentes do que as outras usavam e inclusive por ser cristã. Recebia apelidos, ameças de surras e nunca debati com elas. Elas eram lindas, tinham aquele rosto, aquele corpo todo lindo e os meninos gostavam de estar com elas. Mas nos dias de prova, trabalhos e testes, eu era aceita por todo mundo. 
E eu aceitava ser amiga deles naquela semana, mesmo sabendo que era apenas interesse. Isso me machucava, não posso negar. Os professores não percebiam (ao menos acho que não rs) e não se falava muito em Bullying naquele tempo. Mas eu tinha uma amiga que comprava as brigas rs me defendia mesmo, falava, rebatia as indiretas e pronto: o nome dela é Natanna. 
Lembro que vez ou outra eu chegava em casa chorando por algum apelido, pela rejeição, pela falsidade ou apenas por ver elas e eles humilhando com palavras e risos pessoas diferentes deles. Mas nunca tive raiva. Não mesmo. Hoje converso com todos. Acho que mudaram, amadureceram, não sei... mas não os vejo me tratando mais como antes. 
Quando fui cursar o ensino superior, no intervalo das aulas, sentei logo em um banco isolada. Já estava acostumada a estar só. E já preparada para as mesmas piadinhas de sempre. Mas foi diferente. Fui bem tratada, me aceitaram e de cara já logo fiz boas amizades que duraram os 4 anos e duram até hoje. 
Eu que não era bem vista e até hoje ainda não sou por algumas pessoas, inclusive ex professores, me sinto realizada como pessoa, como profissional: trabalho com o que amo, tenho uma relação ótima com meus alunos nos horários que trabalho como professora, conheci grandes profissionais, cientistas e pesquisadores de tantos lugares. São pessoas incríveis demais e são referenciais para mim.
Minha família? É a melhor que eu poderia ter. Meus pais, irmãos, cunhadas, sobrinho, avós e alguns tios me amam e dizem que me admiram. O que mais posso querer? Lógico, tenho parentes que nunca me apoiaram, criticaram e criticam. Mas, são parentes e não familiares. É diferente. E eu respeito a opinião e direito de escolha deles rs e não tenho raiva. Temos o mesmo sangue. Os amo. 
Tive meu primeiro emprego fixo em 2012, trabalhando como professora nos três períodos e ainda cursando Ciências Biológicas rs. Era pra ser contrato de apenas 1 ano, mas foi estendido por mais 1 ano. No meu ultimo ano na faculdade, o mais tenso pata todos Universitários rs, eu trabalhava o dia todo e ia para a faculdade a noite, escrevendo a monografia e tinha dias que era tão corrido que eu se quer comia antes de ir para a faculdade. Só  me alimentava quando chegava em casa. Meu pai poderia me dar dinheiro pra lanchar, mas ele já me ajudava muito pagando meu curso, não queria sacrificá-lo e o salário como professora não era tão alto e eu estava economizando para minha formatura que era um sonho pra mim desde os tempos do colégio. 
Sempre fui muito ansiosa. Um dia tive um ataque cardíaco na faculdade, comecei passar mal sozinha e fui socorrida pelos amigos de sala e por um professor. Tive que tomar medicamente tarja preta, passava o dia dopada e dormindo. Era nova, não precisava viver daquele jeito. Tomei uma decisão: orei muito e deixa de precisar do medicamento. Tenho muita fé. 
Conclui o curso e uma monografia suada, feita pelas madrugadas rs me rendeu um 9,9. Se eu fiquei feliz? Imagina rs.
Tive várias conquistas: aprovação em dois concursos, 4° colocação no vestibular, trabalhos aceitos para apresentação em Congressos Científicos, Prêmio de Mérito Acadêmico e recentemente aprovação no Mestrado em Ambiente e Sociedade. As aulas começam em Agosto. Consegue imaginar minha felicidade?
Eu traduzi e sintetizei um texto de 6 páginas em quase 3 horas de prova sabendo pouquíssimo sobre o tal Inglês rs e respondi a prova discursiva em pouco mais de 2 horas estudando pouco mais de 100 páginas de 800 que tinha pra estudar rs.
Aí você que está lendo isso pode pensar: "que metida, se acha demais."
Não, não. É apenas o que acontece quando temos fé em Deus, ignoramos as experiências negativas que temos, quando filtramos as opiniões a nosso respeito, quando temos coragem e força de vontade. Todos podem conquistar. Basta querer. 
Tenho orgulho de mim. Quero muito ser orgulho para minha família (família mesmo) e meus amigos. Quero que meus pais se orgulhem de mim. 
Meu pai e minha mãe sempre me ensinaram que não precisamos de objetos caros ou de uma faculdade reconhecida a nível nacional, enfim, me ensinaram que cada um é responsável pelas conquistas e pelo aprendizado. Eu amo Deus, meus pais, minha família e meus amigos. Grata por acreditarem em mim.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Justificativas.

Essa postagem de hoje, é apenas um desabafo. Acho que posso, que tenho esse direito. Aliás, do que me vale ter um Blog se não puder postar o que eu quiser e julgar necessário?
Desde quando comecei a estudar a disciplina de Zoologia I no curso de Ciências Biológicas, me apaixonei por estudar escorpiões. Meu interesse por eles foi despertado quando morreu uma criança aqui na cidade. Lembro que logo em seguida, muitas pessoas começaram a reclamar sobre o aparecimento de escorpiões em suas casas e teve ano que a média de casos de escorpionismo atendido por mês era de 3 casos. Muito pelo tamanho da cidade. Levei então um escorpião para a Faculdade e mostrei ao grande professor de Zoologia que tive: Alcides. Ele começou me falar a classificação taxonômica do bicho e foi certeiro: amei aquilo, quis aprender mais. E toda aula eu tinha algo pra perguntar ou pra contar pra ele. Lembro que um dia ele me contou sobre o trabalho realizado pelo Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros de Uberlândia e sugeriu que eu realizasse algo semelhante na cidade de Água Limpa. Achei tudo muito interessante. Mas, por onde começar? Não sabia rs...
Em um dia de sábado em casa, procurando por fotos de escorpiões na internet, me deparei com uma foto do Blog do Dr. William H. Stutz que coordena as atividades com peçonhentos no Lab. que meu professor havia me falado. Pensei: enviarei um email pedindo orientação. Fiz. Pensei que não seria respondida rs. Mas, para minha surpresa ele me respondeu no mesmo dia e começamos a trocar muitos emails. Ele me ajudou, me orientou a escrever o Projeto para controle de escorpiões em Água Limpa. Fui atras de novos contatos também, eu queria aprender mais e mais, queria fazer algo bom, chegava da faculdade quase meia noite e não tinha hora de dormir, estudava e escrevia, reescrevia rs. E o Dr William sempre me ajudando rs.
Com o tempo, contei com a colaboração da Dra Rute Maria do Instituto Butantan, do Biólogo Esp. Paulo André, Dr Everton Tizo (UEG/Morrinhos) e tantos outros amigos e também dos meus professores da Unicaldas. Tive algumas tentativas frustradas na implantação do projeto, mas não desisti. Lembro que até ganhei alguns equipamentos, mas nunca se quer os vi, alguém teve o capricho de sumir todos. Depois, em 2013 a atual Secretária de Saúde de Água Limpa que sabia do projeto, me procurou e disse que era pra eu providenciar o necessário para implantar o projeto. Fiquei 6 meses por conta de organizar questões burocráticas e organizar algo interessante para a implantação do projeto. Contei com a ajuda de um grande amigo da Regional de Saúde Sul: Anivaldo (in memorian). Juntos organizamos um evento de 3 dias e convidamos excelente profissionais para darem palestras, treinamento para captura de escorpiões e orientações para os interessados: Dr. William Stutz e Maza (Lab de Peçonhentos e Quirópteros de Uberlândia/MG), Marcelo Santalúcia, Nara, Renato (LACEN/GO) e Eulália (CIT/GO). Tivemos participação de um público de 50 pessoas, inclusive de municípios vizinhos. 
Na semana seguinte comecei com o trabalho e a população contribuindo bem com as atividades, porém, alguns boatos sobre o trabalho surgiram e ganharam uma proporção desastrosa no Facebook e na cidade. Logicamente isso atrapalhou o trabalho e não minto: tive um certo desgaste emocional, afinal, fiquei calada durante todo tempo que fui caluniada (isso: caluniada). Chegou um momento que quis largar tudo, mas lembrava de quanta gente podia ser salva com o soro produzido pelo veneno desses escorpiões, lembrava da ajuda e parceria que tive e não dava simplesmente pra deixar de lado um sonho que gastei quase 3 anos pra tirar o papel. Mas, quando as calunias tomaram um proporção muito grande, resolvi que talvez fosse bom afastar um pouco e deixar com que as pessoas analisassem os boatos espalhados. Fiquei 3 meses inativa quanto a captura de escorpiões e desmentindo conversas: desgastante. Hoje retornei as atividades de captura e estou bem cansada, o corpo estava já desacostumado a movimentar tanto rs. 
Quero aqui expressar meu pedido de desculpa a todas as pessoas que ajudaram e ajudam, que olham o trabalho com bons olhos e me desculpar especialmente com o Dr. William e com o Biólogo Marcelo Santalúcia que se esforçaram tanto para me ajudar a implantar o trabalho. Acho que podem até ter pensado que desisti não valorizando o que fizeram em prol deste trabalho. Mas, não desisti. Estava apenas aguardando a hora certa pra retomar. O tempo que fiquei parada foi apenas um meio de permitir que as pessoas enxergassem a importância do trabalho e tivessem a curiosidade de questionar o motivo pelo qual havia parado com as capturas. E funcionou. Todas as mentiras espalhadas por si só se desfizeram, não precisei pronunciar muito para isso. 
Espero ainda contar com o apoio de vocês nessa longa caminhada que terei, pois ainda tenho muito a aprender (a gente aprende sempre e todos os dias). 
Expresso aqui também minha gratidão ao novo amigo que também compartilha conosco a paixão por esses animais: Biólogo e Mestre Leonardo Mussi e também ao amigo Dr Everton Tizo. 
Enfim, grata por cada amigo, cada pessoa que tem apoiado este trabalho. Sozinha nada posso, mas juntos podemos fazer muito pela nossa pequena cidade.
A ajuda de vocês, amigos e orientadores, me renderam algumas conquistas neste ano de 2014: fotos do trabalho cedidas para ilustrar um artigo de uma Revista Francesa, apresentação e publicação de um trabalho no IX Congresso Brasileiro de Epidemiologia e aprovação no Processo Seletivo para o Mestrado. Muito obrigada Mestres!

domingo, 6 de julho de 2014

No Blog do Márcio Pires.

Hoje, relembrando, revirando e revivendo momentos, me recordei de uma postagem feita pelo Marcio Pires em seu Blog e resolvi postá-la aqui. Ele tem sido um grande parceiro. Pessoa que admiro muito e que muito me ensinou: foi meu professor de História no Ensino Fundamental e de Lingua Portuguesa no Ensino Médio. Muito me alegro sempre que leio essa postagem dele, assim como outras relacionadas ao escorpionismo no município de Água Limpa. A postagem você pode conferir no link a seguir: http://blogmarciopires.blogspot.com.br/2013/10/escorpioes-em-agua-limpa.html

Um print que fiz: