O Projeto...

Olá. Gostaria de expor aqui minha gratidão as pessoas que tem apoiado este projeto de controle de escorpiões em nossa pequena cidade. Mais difícil do que escrevê-lo está sendo desenvolvê-lo. Muita história correndo solta por aí, sem fundamento algum de verdade. Talvez seja necessário eu explicar o que é este projeto e sua importância. O projeto foi escrito em 2010 e desde então busquei desenvolvê-lo, mas tivemos algumas tentativas frustradas. Mas não desisti. Esse ano de 2013 foi diferente: não precisei ir atras, a secretária de saúde me convidou pra conversarmos sobre o projeto para que o mesmo fosse colocado em prática. Desde fevereiro até o mês de setembro, estive buscando resolver questões burocráticas para que assim fosse possível realizar esse trabalho. O projeto não é algo inventado da minha mente, não é ferramenta para que eu busque destaque social e muito menos algo para colocar em risco a vida da população de Água Limpa. O projeto nasceu no primeiro semestre de 2010 em uma aula de zoologia onde meu professor me contava sobre o trabalho de controle de escorpiões realizado em Uberlândia. Então pensei: gente, podemos fazer algo semelhante em Água Limpa e assim evitar mortes! Era uma tarde normal quando procurando fotos de escorpiões na internet, me deparei com o blog do Dr William H. Stutz (Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros - Uberlândia/MG) e resolvi enviar um e-mail, e senti insegurança, pensei que não seria respondida. Para minha surpresa, no mesmo dia ele me respondeu. Desde então ele começou a me orientar sobre o projeto. E não parei por aí. Em 2011 fui para uma Reunião da SBPC na UFG/Catalão fazer um curso sobre animais peçonhentos com a Dra. Rute Maria G. Andrade do Instituto Butantan. A partir daí ela também me orientou com alguns detalhes sobre o projeto. Além destes brilhantes orientadores, pude contar com o Dr. Everton Tizo Pedroso (UEG/Morrinhos), Paulo André M. Goldoni (Instituto Butantan) e minha querida amiga e professora Bióloga Wani P. Silva. Em 2012 fui para Salvador participar do XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia onde participei de palestras sobre este assunto e fiz outro curso sobre animais peçonhentos ministrado pelo Dr. Claúdio S. Duarte (Instituto Vital Brasil) e Giuseppe Puorto (Instituto Butantan). Busquei toda informação que pude e logicamente que eu NÃO SEI TUDO e nunca vou saber. O conhecimento só faz sentido por que é algo que aperfeiçoamos dia após dia. Este mês de outubro realizamos 3 dias de movimento na cidade só com este tema de Escorpionismo: no 1° dia fizemos uma reunião com autoridades da cidade e os palestrantes que vieram, no 2° dia fizemos curso de captura e manejo de escorpiões e no 3° dia fizemos a prática de captura desses animais. Além disso, tive o prazer de ter uma aula de 4 hrs sobre identificação das principais espécies de escorpiões com o Biólogo do LACEN, Marcelo Santalúcia. Nesse evento, NÃO tivemos participação da população durante as palestras, o que deveria ter sido diferente. Mas, tivemos algo maravilhoso: um cidadão se ofereceu como voluntário para auxiliar na captura de escorpiões e assim, recebeu material e treinamento como os demais participantes. Agora que contei esse breve histórico de como surgiu a ideia do projeto, quero esclarecer sobre seus objetivos. Este trabalho tem o principal objetivo de SALVAR VIDAS. Mas como fazer isso? Vamos lá: podemos salvar vidas de duas formas. A primeira delas é diminuir o número dessa espécie no município e a segunda forma, é enviar esse animais para um laboratório onde possam ser utilizados para produção de soro antiescorpiônico. Não é tão simples como parece. Como podemos diminuir o número de escorpiões em nossa cidade? Boa pergunta. A resposta é melhor ainda rs. Podemos alcançar esse objetivo através do trabalho de educação em saúde, onde estaremos orientando a população para que esta mude sua cultura, ou seja, retire de seus quintais os entulhos que podem servir de abrigo para os escorpiões. Também é necessário verificar as condições dos domicílios; temos notado (e isso foi observado pelos pesquisadores que aqui estiveram na semana do curso) que os principais focos de escorpiões estão sendo as fossas e as caixinhas de gordura. São informações simples que se forem trabalhadas com a população, renderão otimos resultados. Uma outra forma por meio da qual estaremos diminuindo o numero de escorpiões na cidade, é através da captura deles. Depois de capturados eles podem ter dois destinos: morrerem ou serem enviados para produção de soro. Eu como bióloga e funcionária da área da saúde, opto por capturar os animais vivos e enviá-los para laboratórios. Mas, isso NÃO quer dizer que o morador de uma residência deve fazer o mesmo. A captura é para os profissionais que foram capacitados para tal. JAMAIS queremos colocar em risco a saúde de alguém. Se você encontrar um escorpião em sua casa tem duas alternativas: chamar a equipe de captura de escorpiões ou então (...) rs. Se você encontrar um escorpião em sua casa e matá-lo, nenhum profissional irá repreendê-lo por isso. Apenas pedimos que nos comunique para que possamos visitar sua casa, fazer uma vistoria e ver se conseguimos encontrar mais algum escorpião. EM NENHUM MOMENTO SERÁ APLICADO MULTA EM UM MORADOR POR TER ENTULHOS OU ESCORPIÕES EM SEU QUINTAL. Nosso objetivo é ajudar, cooperar, buscar o bem estar para todos. Esse projeto não foi escrito apenas com interesses científicos. Foi escrito por alguém que tem família e amigos que correm o mesmo risco de ser picado. Foi escrito por alguém que se importa com as pessoas que conhece e até mesmo com aquelas que não conhece. Esses escorpiões que são capturados e enviados para laboratórios, podem salvar vidas de agualimpenses e vidas de outras pessoas que talvez nunca iremos conhecer mas que tem família, que tem direito de viver assim como todos nós. ESSE PROJETO SEGUE O QUE É PROPOSTO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE. OUTRA QUESTÃO IMPORTANTE E QUE GOSTARIA DE ESCLARECER É QUE QUANDO EU DIGO QUE GOSTO DE ESCORPIÕES, SIGNIFICA QUE GOSTO DE ESTUDÁ-LOS, POIS DO PONTO DE VISTA BIOLÓGICO SÃO ANIMAIS INCRÍVEIS. MAS SÃO ANIMAIS PERIGOSOS, COMO É O CASO DESSA ESPÉCIE QUE TEMOS AQUI, E POR ESSE MESMO MOTIVO, ESTOU TENTANDO DESENVOLVER ESSE TRABALHO. QUE ISSO FIQUE CLARO: NÃO DESEJO MAIS MORTES, NEM QUE OS ANIMAIS AUMENTEM AINDA MAIS O SEU NUMERO NA CIDADE. Finalizo esse texto (que rendeu quase um livro rs), reafirmando: o projeto foi escrito por mim mas foi orientado por excelentes profissionais de renomados institutos científicos.